Olá, sou o Hermano Reis. Quem me acompanha sabe que minha trajetória é focada em Inovação Corporativa, Inovação Aberta, Transformação Digital e Gestão de Produtos. Mas hoje, quero falar sobre algo que antecede a técnica: a gestão da nossa própria energia.
Estou iniciando uma série de reflexões sobre "o óbvio que precisa ser dito". São conhecimentos que carrego há tempos, que parecem normais para mim, mas percebi que muitas pessoas ainda desconhecem. Como meus valores inegociáveis são o meu ABC, Altruísmo, Balanço e Criatividade, compartilhar conhecimento sempre será uma das minhas formas favoritas de contribuir.
Alguns textos dessa série:
Como o "Focus Funnel" mudou minha visão sobre produtividade e inovação
No dia a dia de trabalho, especialmente em áreas dinâmicas como as nossas, saber priorizar onde vamos atuar é questão de sobrevivência. Muitas vezes, vejo profissionais incríveis sendo "fisgados" por situações que drenam suas energias, gerando uma frustração imensa.
Isso me lembra muito a premissa do livro "As 4 Disciplinas da Execução", que nos alerta sobre a necessidade de focar nas nossas Metas Crucialmente Importantes para não sermos engolidos pelo turbilhão do dia a dia. Mas esse é um assunto profundo que deixarei para explorar em um próximo artigo.
Por ora, para conseguirmos ter clareza de quais são essas metas e evitar esse desgaste, precisamos dominar um conceito fundamental: as Zonas de Controle, Influência e Preocupação.
A Origem do Conceito
Embora intuitivo, esse conceito foi popularizado por Stephen Covey em seu livro clássico "Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes". Ele nos ajuda a categorizar todas as nossas preocupações e desafios em três círculos distintos:
1. Zona de Controle: Aqui está tudo aquilo que depende diretamente de nós. São nossos pensamentos, hábitos, a hora que acordamos, o que lemos e como reagimos aos impulsos do dia a dia. É a zona onde temos impacto direto e imediato, onde resolvemos as demandas que chegam até nós.
2. Zona de Influência: Refere-se a situações sobre as quais temos controle indireto. Não determinamos o resultado final sozinhos, mas nossas ações, persuasão e liderança podem moldar o desfecho. É aqui que construímos relacionamentos e negociamos.
3. Zona de Preocupação: É o terreno do "se". Aqui residem coisas que nos afetam, mas sobre as quais não temos controle algum: a economia global, o clima, as decisões de políticos ou a opinião alheia,. Quando focamos aqui, entramos na "zona do desespero", gerando ansiedade e inércia.

A Matemática da Energia
A lógica é simples, mas poderosa: onde você foca, expande.
Pessoas reativas tendem a concentrar seus esforços na Zona de Preocupação. Elas focam nas fraquezas dos outros, nos problemas do ambiente e nas circunstâncias fora de seu alcance. O resultado? Atitudes acusatórias, vitimismo e o encolhimento da sua capacidade real de influência.
Por outro lado, quando dedicamos nosso tempo às coisas sobre as quais temos controle e influência, nós maximizamos essas zonas. A natureza da nossa energia se torna positiva e ampliadora. Ao agir sobre o que podemos mudar, diminuímos naturalmente a área da Zona de Preocupação,.
Aplicando na Inovação e Gestão de Produtos
Como trazer isso para a nossa realidade de Inovação e Produto? Vamos a alguns exemplos práticos:
• Na Zona de Preocupação (Onde NÃO gastar energia): Você não controla se um concorrente vai lançar uma feature similar à sua amanhã, nem se a diretoria vai cortar o orçamento global da empresa devido a uma crise econômica. Ficar remoendo isso apenas gera ansiedade e paralisia.
• Na Zona de Influência (Onde investir em relacionamentos): Você pode não decidir o orçamento final, mas pode influenciar a decisão apresentando dados sólidos sobre o ROI do seu produto. Você pode influenciar a cultura do seu time, evangelizar a transformação digital entre os pares e negociar prazos com stakeholders.
• Na Zona de Controle (Onde executar): Aqui é o "mão na massa". Você controla a qualidade do Discovery que está fazendo, a priorização do seu Backlog, a clareza da comunicação das user stories e, principalmente, a sua resiliência emocional ao receber um feedback negativo.
Dicas Práticas para o Dia a Dia
Para aplicar essa metodologia e evitar a frustração, sugiro três passos:
1. Faça a Triagem Mental: Diante de um problema, pergunte-se: "Eu posso agir diretamente sobre isso?" (Controle). "Eu posso persuadir alguém a mudar isso?" (Influência). Se a resposta for não para ambas, aceite e solte. Não desperdice energia vital na Zona de Preocupação.
2. Expanda seu Círculo de Influência: Estude e se desenvolva. Quanto mais conhecimento técnico e habilidades comportamentais (soft skills) você tiver, mais situações que antes eram apenas "preocupações" passarão para a sua esfera de controle ou influência.
3. Administre suas Relações: Na inovação, ninguém faz nada sozinho. Aproxime-se de seus pares e até dos subordinados dos seus pares. Construir pontes aumenta sua capacidade de influenciar resultados que você não controla diretamente.
Lembre-se: tentar modificar o imutável é a receita para a ansiedade. O caminho para a produtividade e para o equilíbrio (meu valor "B") é focar naquilo que podemos transformar.
Espero que esse texto ajude você a navegar com mais leveza e assertividade no seu trabalho. O óbvio precisava ser dito.
E você, em qual zona tem passado a maior parte do seu dia?


